Quais são as características do amor não correspondido na lírica camoniana?

O amor não correspondido é, sem dúvida, uma das dores mais profundas que a alma pode suportar, e ocupa lugar central na minha poesia. Este tipo de amor manifesta-se na idealização da pessoa amada, que, embora perfeita aos olhos de quem ama, permanece distante, indiferente e inalcançável. É um sentimento que nasce da esperança e se alimenta da ausência, criando uma expectativa contínua que raramente se cumpre.
Na minha lírica, o amor não correspondido é um dos temas principais. O eu lírico entrega-se por inteiro, mesmo sabendo que o seu amor não terá resposta. E é precisamente nesse gesto de entrega que se revela a grandeza do sentimento. A dor provocada pela rejeição não diminui o amor; antes o eleva, tornando-o mais profundo.
Este amor é, por vezes, também metáfora da condição humana: tal como amamos sem retorno, também lutamos, na vida, contra forças que não podemos dominar. Enfrentamos frustrações, recusas, obstáculos que nos fazem sofrer, mas que, ao serem superados — ou simplesmente aceites —, nos tornam mais fortes. Assim, mesmo quando não retribuído, o amor tem um valor imenso: o de nos revelar quem somos e até onde somos capazes de ir por aquilo que verdadeiramente sentimos.